Polícia Civil prende advogado suspeito de se apropriar de mais de um milhão de reais em alvarás judiciais de clientes
A Polícia Civil do Maranhão, através da Delegacia de Roubos e Furtos – DRF, em conjunto com a Polícia Civil do Ceará deu cumprimento no dia de hoje (22.12.2022), a mandado de prisão preventiva em desfavor de advogado suspeito de ter se apropriado de mais de um milhão de reais decorrentes de alvarás judiciais de clientes.
O Blog do Osvaldo Maya constatou através de informações que o advogado é José Ribamar Torreão Smith Junior. O espaço está aberto à manifestação da sua defesa.
As investigações identificaram, ao menos, 11 (onze) vítimas. Os clientes contratavam os serviços advocatícios do investigado e ao terem as ações julgadas procedentes, o advogado sacava a integralidade do valor do alvará e não repassava aos cliente os valores devidos. Quando os clientes iam buscar informações a respeito do processo, não conseguiam mais contato com o investigado.
Destaque-se que muitos alvarás são decorrentes de indenizações por acidentes de trabalho que deixaram as vítimas com deficiência permanentes (perda de membros e paraplégicas).
Uma das pessoas lesadas foi Raimundo Bandeira, de 68 anos, que contratou o ‘Dr. Smith’ para atuar em um processo em que pedia indenização por danos à saúde em decorrência de 24 anos de trabalho como soldador.
Foram 10 anos de espera até perceber algumas movimentações no processo, por meio do site da Justiça, mas tentava falar com o advogado e só conseguia falar com a secretária.
“Eu queria conversar com ele para saber, para me explicar o que significava aquilo [as movimentações no processo], até porque eu disse pra ela [secretária] que, eu constituindo meu advogado, ele tem que me dizer o que está acontecendo. É obrigação dele. No entanto, ela me bloqueou”, contou Raimundo.
Pelo site, Raimundo enfim percebeu que, no dia 15 de junho, a Justiça havia expedido alvará em seu favor, no valor de R$ 433.749,05. No dia 18 de agosto, ele procurou a Justiça do Trabalho e foi surpreendido com a informação de que todo o dinheiro havia sido sacado.
“Psicologicamente, até hoje eu tenho o impacto ainda. Não só pelo fato do dinheiro, mas pela confiança que eu tive na pessoa. […] Eu acho que agora tira da sociedade um elemento vive enganando as pessoas que confiam nele. Eu não sou o primeiro e eu espero que, diante desta situação, ele resolva me devolver o que me pertence”
A prisão foi realizada pela Polícia Civil do Distrito Ceará, vez que o autor não residia mais no Estado do Maranhão e se ocultava em receber as intimações policiais para prestar esclarecimentos.
A decisão judicial também determinou o sequestro de bens em nome do investigado e bloqueio de valores nas contas, visando o ressarcimento das vítimas.