Fui! Flávio Dino, governador do Maranhão, pede desfiliação do PCdoB
O governador do Maranhão, Flávio Dino, anunciou nesta quinta-feira seu pedido de desfiliação do PCdoB. Em suas redes sociais, Dino agradeceu ao partido, mas citou diferenças “de estratégia e tática política” e defendeu a discussão de alianças para 2022. O provável destino de Dino é o PSB, que acertou também a filiação do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
“Informo que pedi desfiliação ao PCdoB. Desejo êxito ao partido na sua caminhada em defesa de uma Pátria Livre e Justa. Uma grande Frente da Esperança é um vetor decisivo para um novo ciclo de conquistas sociais para o Brasil. A tal tarefa seguirei me dedicando”, escreveu Dino.
“Agradeço ao PCdoB a acolhida fraterna nesses 15 anos de militância. Diferenças que hoje temos, de estratégia e tática políticas, são menos importantes do que o meu reconhecimento ao papel histórico do partido na defesa de um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil”, concluiu o governador.
Agradeço ao PCdoB a acolhida fraterna nesses 15 anos de militância. Diferenças que hoje temos, de estratégia e tática políticas, são menos importantes do que o meu reconhecimento ao papel histórico do partido na defesa de um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) June 17, 2021
Nas conversas com o PSB, o governador do Maranhão sinalizou que pretende concorrer ao Senado em 2022. Com as chegadas de Dino e Freixo, cresce dentro do PSB o bloco dos que defendem uma aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A cúpula do PSB não descarta se coligar ao PT, seja na chapa presidencial ou em palanques locais, mas segue mantendo por ora a abertura à construção de uma terceira via nacional, tese mais forte em diretórios de estados como Minas e São Paulo, e presente também em alas do partido dentro de estados mais “lulistas”, como Pernambuco.
Decisão pega partido de surpresa
A decisão surpreendeu e provocou mal-estar na cúpula do PCdoB. Em reunião com a direção da legenda, o governador havia se comprometido a esperar a votação das mudanças de regras eleitorais na Câmara.
Na sexta-feira, Dino disse ao GLOBO que só tomaria qualquer decisão sobre o seu futuro político quando as regras eleitorais para 2022 estivessem claras, e que a eventual aprovação do modelo de federação partidária abriria um “cenário novo, que demanda novas avaliações”.
Para vencer a cláusula de barreira em 2022, que exigirá dos partidos no mínimo 2% dos votos em âmbito nacional para ter acesso à verba do fundo partidário e ao tempo de TV, o PCdoB vem apostando na aprovação da federação partidária, uma espécie de coligação mais rígida. Reservadamente, lideranças do partido admitem também a retomada de conversas por uma fusão com o PSB, paralisadas antes das eleições municipais do ano passado.
No PSB, que não cogita por ora mudanças de nome ou uma alteração significativa de estatuto, discute-se a possibilidade de incorporar o PCdoB. Nesse cenário, a migração em bloco de nomes do PCdoB antes de 2022 passou a ser cogitada como sinalização de boa-fé entre as duas legendas. O movimento também permitiria a nomes do PCdoB que planejam disputar cargos majoritários em 2022, como o próprio Dino e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), maior estrutura e recursos nos seus estados.
Manuela e outras lideranças do PCdoB, como o deputado federal Orlando Silva (SP), têm defendido a prioridade da tentativa de aprovar a federação partidária na Câmara, e que uma futura conversa com o PSB envolva um consenso interno no partido.
Com alegria estive na filiação de Flávio Dino.
Orgulhoso, estive ao seu lado em cada construção política.
Com emoção vivi momentos sensíveis, pra ele e pra mim.
Triste com a saída do PCdoB!
Partido Comunista é como um trem, tem um destino. Avante, camaradas!
Abraço, Flávio! https://t.co/Lz4pp4JR9H
— Orlando Silva (@orlandosilva) June 17, 2021
Lamento a saída de meu amigo Flávio Dino do PCdoB. Sei que nos encontraremos na luta em defesa de um Brasil justo e desenvolvido.
Alguns perguntam e especulam sobre o meu destino: não acredito em saída individual para dilemas coletivos.
— Manuela (@ManuelaDavila) June 17, 2021