Eduardo DP suspeito de desvios de verbas públicas, guardava cartões e carimbos de laranjas, diz Polícia Federal
Por Folha de São Paulo – Fabio Serapião e Mateus Vargas
Conforme reportagem da Folha de São Paulo e com base em informações da Polícia Federal, o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP, suspeito de operar um esquema de desvio de verbas de emendas parlamentares, guardava em casa ao menos 16 cartões bancários e dois carimbos de empresas diferentes.
Os itens foram apreendidos pela Polícia Federal em julho de 2022. Para os investigadores, o caso reforça a tese de que Eduardo DP comanda uma rede de empresas de fachada e em nome de laranjas para conseguir fraudar contratos de obras públicas feitas no Maranhão.
Como revelou a Folha, a PF afirma que o empresário estabeleceu “relações criminosas” para desviar recursos da Codevasf, a estatal federal entregue ao centrão no governo Jair Bolsonaro e mantida dessa forma por Lula (PT).
A PF diz que os carimbos são das empresas Construservice e Topazio e registram o nome Eduardo como “diretor presidente”. O empresário nega ser o dono das empresas, mas os investigadores afirmam em relatório entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o material apreendido “confirmou a propriedade de fato”.
Os objetos foram apreendidos na primeira fase da operação Odoacro.
A polícia também cita revelação da Folha de que a Construservice se tornou a segunda maior beneficiada de contratos da Codevasf valendo-se de laranjas para vencer licitações.
“Para alcançar esse tamanho, ‘Eduardo DP’ conta com um conglomerado de empresas de fachada, além de tentáculos na própria Codevasf e em prefeituras que firmam convênios com a referida empresa pública”, diz o relatório da PF.
A polícia afirma que os cartões e os carimbos estão “em nome de pessoas físicas interpostas, confirmando-se a tese da propriedade de fato das empresas e da lavagem de dinheiro”. Os nomes dos titulares dos cartões, porém, estão ilegíveis no documento obtido pela reportagem.
Os advogados Daniel Leite e Tharick Ferreira, que fazem as defesas de Eduardo DP e da Construservice, disseram que “ainda que convictos da improcedência da increpação, não cabe à defesa, por ora, revelar detalhes da tramitação processual”.
O Ministério Público Federal ainda apontou, em julho de 2022, que havia dois CPFs ativos no nome de Eduardo DP.
“Cumpre ressaltar que já foi determinado o cancelamento de outros 09 (nove) CPFs em nome do ora custodiado por determinação do juízo da Comarca de Dom Pedro/MA”, afirma o mesmo documento que integra processo na Justiça Federal do Maranhão relacionado à Odoacro.
Em outra ação, o empresário chegou a ser condenado em 2020, pelo Tribunal de Justiça do Maranhão, por causa do uso de documentos falsos. A pena foi extinta no mês passado por causa da prescrição do crime.