Tirando a roupa e mostrando a nú os interesses pessoais de um ministro
*Por Francisco (Chiquinho) Escórcio ex-senador e ex-deputado
Há aproximadamente 5 anos, começa a surgir no Paraná um grupo de procuradores e juízes, com a finalidade de mostrar a população brasileira como colocar os corruptos na cadeia.
Neste grupo, duas pessoas saltaram os olhos do Brasil, o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Prenderam muitos, inclusive a maior figura política no Brasil naquela época, o ex-presidente Lula.
Ganharam as mídias nacionais e internacionais. Por outro lado, já no legislativo, surgia um deputado de baixo clero, mas com a bandeira de combate à corrupção, que cresceu muito politicamente contando com o apoio das redes sociais, afrontando a grande mídia nacional, em especial a Rede Globo.
À frente nas pesquisas na campanha à Presidência da República, foi barbaramente esfaqueado, numa tentativa de tirar sua vida. Este homem era o Deputado Jair Messias Bolsonaro, que chegou a ser chamado de mito pelo Brasil inteiro.
Este homem não tinha ligações estreitas e nem conhecia o famoso Sérgio Moro. Em um momento de pura coincidência, os dois se encontraram numa espécie de cafeteria em um aeroporto. Jair Bolsonaro, percebeu a presença do na época Juíz Sérgio Moro, foi gentilmente cumprimentá-lo, mas foi recebido com profundo desprezo. Isso ocorreu bem antes do primeiro turno das eleições de 2018.
Quando o Jair Bolsonaro aparecia em 1º lugar nas pesquisas, vítima do atentado, foi hospitalizado. Naquela ocasião, o Juíz Sérgio Moro procurou um amigo para consultar se Bolsonaro poderia recebê-lo. Bolsonaro não concordou.
Vieram as eleições de 1º e 2º turno. Bolsonaro saiu vitorioso e convidou Sérgio Moro para uma conversa em sua casa. Eleito Presidente da República, Bolsonaro tinha agora grande popularidade e grande credibilidade com Sérgio Moro. Convidado para o cargo de Ministro da Justiça, Moro não aceitou de pronto e deixou a população e o mundo político na expectativa, onde muitos comentavam que não acreditavam na possibilidade de Moro aceitar e que ele deveria continuar com o belo trabalho que estava fazendo, continuar tendo visibilidade total para ser indicado a primeira vaga aberta no Supremo Tribunal Federal, o STF.
Quando de repente optou para ser o super ministro da equipe do Presidente Bolsonaro, o Ministro Sérgio Moro nomeou para todos os cargos relevantes, dentro do Ministério da Justiça e seus órgãos, integrantes da “República de Curitiba”, deixando assim uma pergunta a ser feita: já que ele era ministro do Brasil, por que contemplar apenas as pessoas dele?
Eu vi o Governador de Brasília, Ibaneis, dizendo que Sérgio Moro tinha sido um grande Juíz, mas deixou muito a desejar como ministro. Minha esposa que estava ao meu lado, comentou: “Meu filho, o que o governador está dizendo é a mesma coisa que você disse, que Sérgio Moro deixou muito a desejar na frente do Ministério da Justiça. Passou a maior parte do tempo tentando explicar o inexplicável no imenso escândalo das mensagens da Vaza-jato”.
De fato, foi uma passagem pelo Ministério da Justiça muito apagada, mesmo no tocante às reformas anunciadas por Sérgio Moro.
Cadê o combate à corrupção?
No meu Estado do Maranhão, foi alardeado em toda imprensa vários escândalos, desvios de dinheiro, um no governo estadual, de R$ 18 milhões, que culminou até no suicídio de um médico, que era secretário adjunto da Secretária de Saúde do Estado do Maranhão. O médico deixou uma carta, dando endereço e nome dos envolvidos na corrupção com o dinheiro da Saúde, nas barbas do ministro Mandetta. Cadê os R$ 43 milhões enviados por Mandetta à Prefeitura de Imperatriz, fato amplamente divulgado na imprensa nacional. Os R$ 43 milhões que foram enviados em uma jogada política do DEM, para ter no seu quadro de políticos do estado, o Prefeito da segunda maior cidade do estado. O dinheiro sumiu, assim denunciou o presidente da Câmara de Vereadores da cidade e também o deputado federal Hildo Rocha. Todo mundo ficou sabendo, só quem não ficou sabendo foi o Ministro da Justiça e o Diretor Geral da Polícia Federal.
A população não soube de nenhuma atuação de uma força tarefa, que fosse buscar o dinheiro e quem ficou com o dinheiro. Desta forma, se via o Presidente Jair Bolsonaro dizendo para todo o Brasil: “No meu governo não tem corrupção”. O que se sabe é que está tendo e muito. Esta era uma função do ministro Sérgio Moro, combater a corrupção. Moro tinha que defender com unhas e dentes esta bandeira. Todos viram nas redes sociais que o ex-ministro da saúde, Mandetta está respondendo processo cabeludo na justiça do Mato Grosso.
Bem, no momento difícil do atual governo, com relação a saída do ex-ministro Mandetta, a esposa de Sérgio Moro se manifesta publicamente nas redes sociais a favor da permanência de Mandetta no Ministério da Saúde. Se não é ilegal, é imoral. O que nos deixa a entender é que o Sérgio Moro teria deslumbrado que a maneira mais fácil dele ser Ministro do Supremo seria trilhar próximo ao Presidente Bolsonaro, triste cenário.
Gostaria de ter visto o Ministro Sérgio Moro nos quadros do Supremo Tribunal Federal. Por isso chego agora a concordar com um ditado popular, “Cada macaco no seu galho”.
O ex-ministro Sérgio Moro perdeu o governo Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal.
No dia 24 de Abril de 2020, a equipe da TV Senado e Câmara Federal fez uma homenagem, através de um documentário histórico para o nosso país, mostrando quem mais entende o que é a conciliação política do Brasil, comentada pelo aniversariante dos seus 90 anos, o ex-presidente da República José Sarney.
Neste momento é importante que os três poderes se unam para salvar o nosso país, na política e contra esse vírus que está nos maltratando.
Quanto a Sérgio Moro, ele nos abandonou e abandonou também todo o povo brasileiro no momento mais difícil da história do Brasil, que passa, junto com o mundo todo, por uma gravíssima e mortal epidemia. Este não é o Moro que eu tinha como herói. Este, é o Moro que eu tenho hoje como um ingrato.
*Francisco (Chiquinho) Escórcio ex-senador e ex-deputado