Sínodo da Amazônia gera preocupação no governo
O governo de Jair Bolsonaro estaria preocupado com um suposto avanço da Igreja Católica na liderança da oposição e com os encontros de cardeais brasileiros com o papa Francisco para discutir o Sínodo da Amazônia, que acontecerá em outubro de 2019, em Roma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, que diz inclusive que o Palácio do Planalto mobilizou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para acompanhar reuniões preparatórias para a assembleia episcopal em paróquias e dioceses.
O Sínodo foi convocado pelo próprio Papa e terá como objetivo debater “novas formas de evangelizar” a floresta, mas também deve abordar temas caros a Francisco e vistos com desconfiança pelo governo, como as mudanças climáticas, a preservação ambiental e a proteção de povos indígenas.
No documento preparatório para o Sínodo, divulgado em junho passado, o Vaticano diz que a relação “harmoniosa” na natureza foi “despedaçada pelos efeitos nocivos do neoextrativismo e da pressão dos grandes interesses econômicos que exploram o petróleo, o gás, a madeira e o ouro”.
Além disso, cita problemas que se encaixam na descrição do Brasil, dono da maior parcela da Amazônia, como “megaprojetos hidrelétricos e redes rodoviárias, superestradas interoceânicas e monoculturas industriais”.
“Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, segundo o Estadão. De acordo com o diário, o general comanda a “contraofensiva” às ações da Igreja.
O jornal afirma que militares do GSI suspeitam que o chamado “clero progressista” pretende aproveitar o Sínodo para criticar o governo Bolsonaro. “Achamos que isso é interferência em assunto interno do Brasil”, disse Heleno, ainda de acordo com o Estadão.
Outro militar do governo citado pelo jornal alega que a assembleia episcopal contraria a política do Planalto para a Amazônia e servirá de combustível para o “discurso ideológico da esquerda”.
“O trabalho do governo de neutralizar impactos do encontro vai apenas fortalecer a soberania brasileira e impedir que interesses estranhos acabem prevalecendo na Amazônia. A questão vai ser objeto de estudo cuidadoso pelo GSI. Vamos entrar a fundo nisso”, afirmou Heleno ao Estadão.