Mutirão no Hospital Universitário da UFMA reforça combate às doenças inflamatórias intestinais
Com o objetivo de realizar o diagnóstico precoce das doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa, o Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), promoveu, neste sábado (29), um mutirão de colonoscopias. Ao longo do dia, foram realizados 17 exames. A iniciativa foi organizada pela Unidade de Diagnóstico por Imagem – Serviço de Endoscopia do HU-UFMA, em parceria com a Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite (GEDIIB).
Os exames foram realizados exclusivamente em pacientes previamente selecionados, que passaram por triagem e apresentavam suspeita clínica de DII. O médico gastroenterologista e endoscopista Valbert Batista, do HU-UFMA, explica que as doenças inflamatórias intestinais são condições imunomediadas, crônicas (sem cura) e que demandam tratamento contínuo. “Sem o tratamento, elas seguem um padrão progressivo; ou seja, invariavelmente os pacientes vão sofrer complicações que podem levar à perda de segmentos intestinais, inclusive à morte. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante”, destaca.

A paciente Carla de Jesus Ramos comemorou a participação no mutirão. “Recebi uma ótima assistência. Só tenho a agradecer ao Hospital e a toda a equipe. O mutirão fez toda a diferença. Pude antecipar a realização desse exame que é tão difícil de conseguir”, afirmou.
Sinais de alerta
A gastroenterologista Lícia Rodrigues, coordenadora do GEDIIB no Maranhão, ressalta que alguns sinais devem acender o alerta para a investigação das doenças inflamatórias intestinais. Entre eles estão a diarreia persistente por mais de quatro semanas, episódios recorrentes de diarreia, dor abdominal frequente, sangue nas fezes, além de anemia, febre sem causa aparente e perda de peso inexplicada.
Importância da colonoscopia
Valbert explica que determinados achados no exame podem ser sugestivos de Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa. “Ambas são doenças inflamatórias que causam erosões, úlceras, vermelhidão e sangramentos nos intestinos — lesões que podem ser avaliadas e biopsiadas na colonoscopia”, destaca.
Ele também reforça que muitos mitos ainda cercam o exame: “A colonoscopia é um procedimento seguro, com complicações raras. É indolor, realizada sob sedação e analgesia. O paciente, portanto, dorme durante todo o exame. Não deve ser temido e é insubstituível para o diagnóstico de diversas doenças, como o câncer de intestino e as doenças inflamatórias intestinais”.

Por que o diagnóstico precoce é fundamental?
A Associação Brasileira de Crohn e Colite (ABCD) conduziu um estudo mostrando que o diagnóstico de DII no Brasil costuma levar, em média, três anos. Como são doenças crônicas, progressivas e sem cura, o atraso no diagnóstico aumenta o risco de complicações, como desnutrição, necessidade de cirurgias e câncer de intestino. O diagnóstico precoce, por outro lado, permite iniciar o tratamento adequado mais cedo, reduzindo impactos na saúde e na qualidade de vida do paciente.
A realização desse mutirão contou com a contribuição de especialistas de outros estados, como as gastroenterologistas Cristina Flores, de Porto Alegre, e Eloá Marussi, de Curitiba, que também é coordenadora de Endoscopia do GEDIIB.
